Uma aula sobre liderança




Uma aula sobre liderança

Sempre que sou convidada a dar um curso sobre Liderança faço muitas reflexões antes de entrar na sala de aula. Afinal, a expectativa dos participantes, normalmente, é adquirir conhecimentos teóricos que os façam superar suas dificuldades do dia a dia que não são nada teóricas! Assim, concluo que há grandes chances de que tais expectativas sejam frustradas.   

Falar sobre qualquer tema não nos ensina a lidar com ele, da mesma forma que falar sobre natação não nos ensina a nadar. 

Então, o que fazer para que a turma não se frustre e consiga sair, de fato, com melhores condições de superar seus desafios cotidianos? 

Em primeira mão, costumo convidar os alunos a cocriar a aula comigo. Ou seja, a construirmos aquele momento juntos, transformando aquela oportunidade em algo vivo, útil, prazeroso e que faça valer a pena o tempo despendido em sala. Essa mudança de perspectiva os envolve, os responsabiliza e já os retira da posição passiva (porém, confortável) de apenas aguardar que algo produtivo aconteça. Afinal, um líder não aguarda por resultados e, sim, se mobiliza para obtê-los. 

Uma vez que a minha conexão com o grupo se estabelece e o compromisso de cooperação é assumido por todos, estamos prontos para trocar experiências que se apoiam em um fazer legítimo, que é o fazer da prática, da vivência diária nas organizações de todo tipo, tamanho e origem, sofrendo as constantes pressões internas e externas do mundo atual. 

Ofereço o pontapé inicial: autoliderança! 

A meu ver, não existe liderança autêntica se não houver autoliderança, que é a atitude interna por meio da qual cada indivíduo direciona sua própria vida rumo aos seus objetivos, sonhos e planos. Ela caminha ao lado da motivação, sendo essa última o combustível que faz com que as coisas aconteçam e o senso de realização se faça presente. Uma pessoa com autoliderança já inspira os outros pelo próprio exemplo. 

Uma vez discutida essa premissa básica, começamos a enveredar pelo significado individual de liderança, pois não existe um conceito único. Cada um vivencia a liderança de acordo com o seu contexto e é por meio dessa realidade objetivamente observada que conseguimos ampliar o nosso olhar e encontrar caminhos que sejam satisfatórios, coerentes e, acima de tudo, aderentes à situação de cada um. 

Liderança é uma relação que se estabelece entre determinadas pessoas, em um determinado momento, dentro de um dado ambiente. O líder é a pessoa que assume responsabilidades por meio de um papel que lhe é outorgado. Muitas vezes, sem sequer desejá-lo genuinamente. Sua promoção pode ter sido fruto de um processo “automático” na evolução de uma carreira técnica, por exemplo. 

Sendo uma relação interpessoal, a liderança possui estreita relação com a linguagem. E é aí que nasce a semente da mudança, da melhoria, do desenvolvimento. Se a pessoa que lidera olhar para si e observar, cuidadosa e honestamente, a forma como pensa, sente, fala e age, terá a oportunidade de avaliar, refletir e transformar muitas das suas atitudes, da sua forma de se comunicar consigo e com aqueles com quem convive. 

Nessa jornada de autoanálise emerge na turma todo tipo de questão sobre comportamento e postura diante de situações desafiantes no exercício da liderança. E, agora sim, apoiados em conceitos sólidos e valiosos, mesclamos teoria e prática a fim de alcançarmos essa integração perfeita que gera aprendizado e crescimento. Como instrutora que sou, gosto particularmente da expressão: “a teoria na prática”!  

E é ali, no nosso laboratório particular chamado sala de aula, utilizando métodos didáticos focados na vivência e na experimentação, que percorremos temas como assertividade, conflitos, trabalho em equipe, desempenho, feedback, delegação, empowerment e todos os demais assuntos que compõem o arcabouço da liderança.  

Ainda em conjunto concluímos que, para se tornar um líder melhor é essencial se tornar, primeiro, um ser humano melhor! 

Essa foi a maneira que encontrei de finalizar minhas aulas com a formidável sensação de dever cumprido, comprovando que as expectativas da turma eram não somente atingidas mas, inúmeras vezes, superaradas!





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